7 de abril de 2014

Capitulo 12 - Laços- Fanfiction - A arte da máfia - Malina Evans

Pov Akisawa

Depois de tanto chorar acabei por adormecer. Não sonhei com absolutamente nada, estava tudo negro enquanto dormia e, quando voltei a acordar, vi que o sol já se punha no horizonte. Tentei sentar-me e pôr-me confortável, mas a dor que sentia na barriga era enorme e mal me podia mexer e também, sentia que os poucos pontos se iriam abrir a qualquer momento.


Nesse momento, ouvi a porta a abrir-se, olhei para o local e vi que era o Kaito. Trazia duas sandes e dois sumos de laranja nas mãos.

-Boa! Já acordas-te!- ele voltou para junto da janela onde se encontrava um pequeno banco onde ele estivera tempos antes, enquanto eu chorava- Fui buscar comida para os dois! De certeza que tens fome!- e sentou-se.

-Sim, um pouco. Mas não me consigo sentar.- expliquei voltando a tentar pôr-me direita.

-Espera, eu ajudou-te.- mencionou enquanto pousava a comida numa pequena mesa ao meu lado e depois devagar, ajuda-me a sentar e lá conseguimos.

-Ok… Isto dói um bocado…- resmunguei tentando-me pôr mais confortável e ajeitando a almofada- Au…

-Fica lá quieta que eu arranjo isso!- mencionou entre risos.

Enquanto ele ajeitava a almofada eu simplesmente olhava para ele em silêncio, vendo o seu cabelo ruivo cair-lhe perfeitamente na face, fazendo-me lembrar o meu querido irmão.

-O que se passa?- perguntou-me o Kaito fazendo-me voltar à realidade.

-Não é nada… Estava apenas a pensar, só isso.

-No teu pai?- perguntou afastando-se e indo sentar-se.

-Porque razão estaria a pensar nele?

-Bem… Ele esteve aqui durante uma hora atrás. Ele perguntou-me o que se tinha passado e só não correu comigo daqui ao pontapé porque não pode por respeito a ti!- explicou entre risos- Mas já se foi à uma meia hora, pelo que me apercebi, tinha algo urgente a tratar no trabalho.

-Claro… O trabalho para ele vem sempre em primeiro.

-Eii! Pelo menos estou aqui eu!

-Eu sei! E obrigado Kaito!

-Mas também já cá esteve a Sakura e o Eijun! Eles saíram ainda à pouco antes de voltar com o lanche!

-Que bom!- e sorri. Peguei na sandes e no sumo comecei a comer e o Kaito fez o mesmo. Apesar de ser comida das máquinas do hospital, o sabor pouco me importava, tinha imensa fome.

-Ah sim! Também esteve cá aquele tipo que uma vez me queria riscar a mota!- só podia ser uma pessoa.

-O Ryuji?

-Sim! Aliás, foi ele quem chamou a ambulância e te encontrou caída à porta de casa, depois de ter ouvido um disparo.- e bebeu um pouco de sumo. O Ryuji… Ele ajudou-me? Aquele Ryuji chato e que não pensava em mais nada que não em vingar-se de mim? Era difícil de mais de acreditar… Mas se era mesmo verdade, que era estranho, era- Eu também ouvi um disparo mas pensei que fosse no outro lado da cidade ou tivesse sido algo a rebentar, ou outra coisa qualquer. Nunca pensei que tivesse sido…- vi a sua mão direita tremer e amarrotar o pacote de sumo.

-Não tinhas como adivinhar!- pensei que ao dizer-lhe aquilo, o iria acalmar, o que aconteceu, mas ainda se via claramente a raiva no seu olhar- Isso já passou, agora já não há nada a fazer.

-Infelizmente…- então pousou o pacote amarrotado em cima da pequena mesa- Mas mudando de assunto… Quem é o Atsushi? O teu irmão?- aí, lembrei-me de novo daquele dia- Não sabia que tinhas um…

-Nem tu nem ninguém…

-É assim tão difícil para ti falar sobre ele?

-Um pouco.

-Então deixa lá, não precisas de me contar nada. E também não tenho nada a ver com isso.- ele levantou-se para ir embora, mas com alguma dificuldade consegui esticar-me e agarrar-lhe o braço e ele voltou-se para mim.

-Não… Eu acho que…- e larguei-o pondo-me direita- Acho que será bom desabafar isto com alguém.- o Kaito apesar de ser idiota, sabia bem que podia contar com ele.

-Está bem!- e voltou a sentar-se- Tão vá! Conta!

-Eu tinha irmão mais velho… Chamava-se Atsushi Furukawa, ele morreu há nove anos atrás atropelado por um carro descontrolado. Nessa altura eu tinha sete anos e ele, dezanove e no mesmo dia em que ele morreu, foi quando ele me prometeu que me levaria com ele para o trabalho no dia a seguir, já que eu detestava ir para o infantário. Mas entretanto ele passou por lá vestido de urso e a vender balões, deu-me um vermelho…- nesse momento agarrei numa pequena mecha do meu cabelo e fiquei a olhar para ele- Que depois voou em direção à estrada e de repente…- voltei a largar o cabelo- vi tudo vermelho. O meu irmão sorriu-me, disse-me adeus, estendeu-me o balão e aquele carro levo-o... Para sempre.- e fitei de novo o Kaito que tinha o olhar preso no chão- Ele era o meu melhor amigo… E por minha culpa ele…- mordi o lábio e fechei os olhos antes de terminar aquela frase- Ele…- não a conseguia concluir… Era demasiado doloroso dizer em voz alta que a culpa tinha sido toda minha.

De repente, senti umas mãos quentes na minha face, e dedos e entrelaçarem-se no meu cabelo. Voltei a abrir os olhos e vi o Kaito à minha frente, sorrindo-me.

-Sei que não posso substituir o teu irmão Aki, mas… Estou aqui para o que tu precisares! Afinal, somos amigos!- e então, ele aproximou-se ainda mais de mim e beijou-me a testa e eu fechei também os meus olhos.

O único som que ouvia naquele momento era apenas o bater acelerado do meu coração. Sentia na só a face quente, mas todo o meu corpo parecia ter aquecido e parecia que as mãos dele me tocavam por todo corpo, pois já não as sentia na face. Sentia também um respirar quente e calma junto da minha boca… Queria abrir os olhos e ver o que se passava, mas o corpo parecia que não me obedecia e deixei-me permanecer como estava, sentindo um leve arrepio nos lábios, mas de repente, ouvi a porta bater o que me vez abrir automaticamente os olhos e quando olhei em meu redor, o Kaito já não estava, apenas se encontrava comigo, o seu habitual chapéu castanho que apesar do Kaito nunca sair sem ele, tinha ficado esquecido em cima daquela mesa.

E então interroguei-me… Ele fugiu… porque me beijou ?

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