4 de abril de 2014

Capitulo 8- Um Dia Quase Normal - Fanfiction - “The Blood Bound - Karura


– Vamos, Ciel. Você tem que ir para a escola. Não me faça ir ai e te arrancar da cama! – Minha tia gritava do outro lado da porta.

Remexi-me na cama e coloquei o travesseiro em cima da minha cabeça. Até que ouvi o arrastar das cortinas presas no trilho e depois a claridade invadindo meu quarto.


– Angelina! Saia do meu quarto! E me deixe dormir!

– Ciel. Não seja birrento. Vamos! Eu sei que você gosta de ir para o colégio. Então apura. Senão já vai perder a primeira aula. – Angelina dançava na frente da minha cama.

– Ok. Acordei. Feliz?

– Muito! – Ela deu um sorriso largo e saiu do meu aposento. Levantei-me e troquei de roupa.

Quando entrei no banheiro olhei-me no espelho e observei meu olho esquerdo. Ultimamente ele não estava me incomodando demais, até sem as lentes de contato.

Assim que estava saindo de casa, minha tia me chamou no escritório dela. Que ironicamente, ficava de baixo da escada.

E um dia que perguntei o porquê de ser debaixo da escada ela me respondeu que era uma homenagem ao livro Harry Potter que tinha um quarto de baixo da escada. Percebi, naquele dia, que ela não era muito certa da cebaça.

Quando entrei ela estava lendo uma carta, que era quase impossível de ver uma atualmente.

– O que foi? – Perguntei encostando-me à soleira da porta.

– Vou te levar hoje. Só espere um minuto. – Respondeu séria ainda perdida lendo a carta.

– Posso começar a contar?

– Pode. – “Acho que ela não esta nem prestando atenção no que digo”.

– O que diz a carta? – Perguntei curioso, me segurando para não ir lá e ler.

– Nada de importante. Vamos, ou nos atrasaremos. – Disse colocando a carta em cima da escrivaninha e pegando o casaco vermelho que repousava em cima de uma poltrona.

– Certo.

Entramos no carro e fomos em silencio aos nossos destinos. Angelina me deixou no inicio da quadra do colégio e falou comigo pela primeira vez desde que saimos de casa.

– Não vou poder te buscar quando acabar suas aulas. Então tenha cuidado na hora de voltar, ok?

– Certo, não sou mais uma criança tia. Até mais.

– Isso é sério, Ciel. Tome cuidado. – Minha tia me encarou com uma expressão séria. Concordei e sai do carro antes que ela fizesse prometer.

Quando estava entrando no colégio, sinto uma presença não muito agradável vindo em minha direção por trás. Antes que eu pudesse fazer qualquer movimento para me desviar. Marcos passa o braço direito pelo meu pescoço e coloca todo seu peso em mim.

– Cara. Estou muito ferrado hoje. Tinha tarafa de matemática III e eu esqueci completamente. – Marcos estava quase chorando do meu lado, às vezes ele é muito dramático.

– Quem mandou ficar o dia todo jogando?! Agora se vire.

– Que malvado! Vou procurar alguem da minha sala que fez a tarefa. Tchau Ciel. Mais tarde a gente se fala! – Assim ele saiu correndo para dentro do colégio.

Fui andando devagar até chegar à minha sala e colocar minha mochila na cadeira que sentava. Sai de lá e voltei para o pátio. Ainda faltavam vinte minutos para começar a aula.

Sentei de baixo de uma árvore, e pensei. Notei que fazia quase um mês que não via o homem que havia me atropelado. Não que eu sentisse falta dele ou coisa parecida, mas era realmente estranho. Angelina também não ouviu mais sobre ele e também não me tirou a paciência de tanto falar dele.

Lembrei que não estava mais tendo aqueles sonhos estranhos, naquela campina. Nem aquelas lembranças da criança que havia perdido os pais no incêndio. Mas, admito, sinto saudades de ver aquela campina, as rosas com uma cor distinta, como se aquele lugar não fosse normal ou natural. Algo que realmente me intrigava.

Olhei novamente para meu celular, que finalmente, Angelina havia me dado, para checar o horário. Faltavam três minutos para a aula começar. Voltei para a sala e o professor entrou.

O tempo passou rapidamente. Porém, não consegui prestar atenção na aula. Estava meio aéreo. Estava pensando demais, e isso era preocupante.

Quando deu o sinal final, a professora nos liberou. Peguei meus materiais e fui embora. Liguei em uma musica qualquer do meu celular e fui a pé para casa.

Assim que fui atravessar uma rua no centro da cidade, ouço um carro buzinando fortemente, olho na direção e vejo um carro vindo direto em mim. “Só pode estar de brincadeira comigo. De novo vou ser atropelado?!”

Entretanto alguém passa o braço em volta da minha cintura e me puxa pra trás. Sinto o carro passar milímetros de mim. Fico em um transe por algum tempo, tentando absorver tudo que aconteceu em poucos instantes. Até ouvir uma voz em meu ouvido sussurrando.

– Pelo jeito, você tem um fetiche em ser atropelado. – Me viro bruscamente e solto o braço que, ainda, estava me segurando. Olho para o homem na minha frente. – Quanto tempo. Estava procurando uma nova vitima para te atropelar?

– O que você quer?

– Nada. É desse jeito que se agradece a alguém que acaba de salvar sua vida!? – “Além de ter sido atropelado e salvo por essa pessoa, ainda tenho que o ouvir rindo de mim? Ah, não. Ai já é demais.”

– Ok, ok. Obrigada. Mas... Como é mesmo seu nome?

– Hahaha! Sebastian. Você realmente não tem uma boa memória. Então, como pagamento por eu ter te salvo. Que tal ir comer um bolo? Conheço um ótimo lugar.

– Não tenho dinheiro para pagar o bolo. – Respondi de mau humor e desconfiado.

– Por minha conta. Que tal? – Ele me olhava esperançoso.

– Eu tenho outras coisas para fazer agora. Então, vou indo. – Tentei dar uma desculpa para conseguir ir embora. Mas não foi totalmente mentira, ainda queria descobrir o que havia na carta que minha tia havia recebido de manhã.

– Vamos lá. Não vou te sequestrar ou coisa parecida. Tem uma cafeteria aqui perto. Descendo a rua.

– Somente um bolo?

– Somente um bolo. – Ele começou a me encarar esperançoso.

– Certo...

– Ótimo!

Caminhamos um pouco até chegarmos em uma cafeteria, que por fora não seria estranha. Porém, por dentro, o ambiente era um pouco escuro, as cortinas que haviam eram azul celestes e as garçonetes vestiam vestidos até,mais ou menos, no joelho todo preto e com alguns detalhes brancos. Pareciam empregadas.

– Venha, tem uma mesa vazia ali. – E por mais incrivel que pareça, a cafeteria era bem popular.

– Então você gosta de empregadas? – Perguntei após sentar do outro lado da mesa, ficando de frente para Sebastian. Dei um sorriso malicioso e esperei a resposta.

– Não é pelas empregadas, e sim, pelo ambiente. Me acalma, de vez em quando. - Ele respondeu com um grande sinceridade, que me fez, quase, querer pedir desculpa pela brincadeira.

– Por que de vez em quando? – Perguntei olhando em seus olhos para ver se ele não mentiria. Entretanto, perdi minha linha do reciocínio após olhar três minutos em seus olhos.

– Porque tem coisas, que mesmo ao passar do tempo, não conseguimos esquecer. E, às vezes, isso pertuba e fica difícil de relaxar. – Ele continuava me olhando sério, como se esperasse que eu saísse gritado ou pedindo ajuda. Contudo, fiquei apenas olhando em seus olhos, tentando desvendá-los.

Ficamos um bom tempo olhando um para o outro, como se estivéssemos lendo um ao outro. Ou como se fosse algo natural olhar um ao outro. Até que veio uma atentente para retirar o nosso pedido.

Sebastian pediu um pedaço de bolo de chocolate, um café e um suco de laranja. Após a moça sair perguntei a ele.

– Suco? Pra quem?

– Pensei que quissesse beber algo,então, deliberadamente, pedi um suco para você. – Ele continuava me olhando nos olhos com uma sinceridade que nunca alguém conseguiria ter.

–... Certo... – “Deli... O quê? Quem é que fala tão certinho assim, atualmente?” – Que dia é hoje mesmo?

– Você vai à escola e nem sabe o dia que é. Nossa! – Nunca o tinha ouvido rir. E pela primeira vez, achei melodiosa, que combinava com a personalidade dele.

– Eu tava passando um pouco mal na aula. Dor de cabeça. – Emburrei e fiz bico involuntariamente.

– Certo, certo. Te perdoarei. Hoje é dia... 14 de Dezembro. – Assim que ele terminou de falar, olhei surpreso para ele. “Hoje é meu aniversário e vou comer bolo com um cara que nunca conheci na minha vida. Esse ano vai ser lindo.” Por eu ter pensado aquilo, acabei emburrando e Sebastian ficou me encarando.

– Algo errado? –Ele me perguntou curioso assim que viu minha expressão.

– Não, nada. Será que vai demora muito pra comida chegar?

– Ela já está trazendo.

– Perfeito, já estou atrasado. Minha tia vai me dar um belo sermão.

A garçonete colocou o bolo e o suco na minha frente e o café na frente de Sebastian. Assim que comecei a comer, o homem começou a me observar, comendo, com a maior curiosidade do mundo, como se isso fosse algo extraordinário.

Comi metade do bolo e tomei metade do suco. E encarei Sebastian antes de falar.

– Obrigada pelo bolo e o suco. Agora tenho que ir antes que escureça. Adeus.

– Adeus é uma palavra muito forte. Um tchau já é suficiente. – Quando ele terminou de falar eu já estava de costa para ele.

Assim que cheguei em casa, Angelina havia acabado de chegar. Ela começou a me fazer um monte de perguntas, fui respondendo para conseguir descansar. Quando citei o nome do Sebastian, Angelina quis saber por que eu havia ido com ele numa cafeteria.

Nessa hora eu já estava dentro do quarto e ela no corredor. Olhei bem para ela e fechei a porta e tranquei. Não queria ser incomodado naquela hora, meu olho ardia.

Tomei um banho rápido e deitei na cama. Assim que fechei os olhos, caí no sono. E o sonho não foi um dos mais agradáveis.

Sonho Modo On

– Então, aqui temos um objeto raro. Um garoto, por volta dos nove anos de idade. Olhos azul marinhos e cabelos mais escuro que o próprio negro da noite.

“Escuro... E que voz mais irritante. Onde estou?... Não consigo me mexer. Minhas mãos estão amarradas.”

– Retirarei o pano para os Senhores e Senhoras olharem melhor o objeto. Ah, e ele vem de uma família nobre, que não pedira resgate.

“ Que risada mais irritante. Quero sair. Luz... Luz forte... Preciso abrir os olhos...”

Assim que o garoto abriu os olhos, percebeu que havia muitas pessoas em pé e todas usando mascáras. De repente, o homem em pé ao seu lado, começou a fazer lances, cada vez ficando mais altos. Até que parou os lances e o pano negro foi colocado novamente em cima da sua jaula.

Quando acordou, estava preso de novo em uma jaula, mas em um lugar diferente. Dessa vez, tinha outras crianças presas na mesma prisão que ele. Sua perna direita estava com uma algema grossa, prendendo no chão da cadeia.

A frente da gaiola, havia um altar revestido de mármore branco e, sobre este, tinha uma criança em choque, um homem entrou no meu campo de visão e depois ouviu um grito e muito sangue se espalhando.

Quando o garoto se deu conta de qual seria seu fim, entrou em choque e começou a chorar. Mas se ele conseguisse sair daquele lugar, ele jurava que iria matar todos que fizeram aquilo com ele.

E assim, três anos se passaram. E a fúria do garoto aprisionado foi crescendo, e crescento. Até que num ponto dos seus anos de sofrimento e tortura, a amargura que cravava em sua alma, foi tão grande a ponto de conseguir invocar um ser sobrenatural.

– Então. Você deseja firmar um contrato.

Sonho Modo Off

Quando acordei esta em pé, com as luzes acessas e alguém chamando meu nome e tentando chamar minha atenção, com uma certa dose de desespero em seu tom de voz.

Olhei para as minhas mão, que começaram a ficar pesadas. E em uma delas encontrei uma faca afiada cortando o pulso do braço esquerdo. Assustado, jogo a faca no chão e vejo o sangue saindo do corte.

Depois vejo mais duas mãos hábeis, fazendo um curativo às pressas. Quando olho para o meu pulso esquerdo vejo que também estava cortado. Entro em choque e só lembro de acordar no hospital. Mais uma vez.

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