28 de abril de 2014

Capitulo 14- Queres ouvir uma história contada pelas estrelas? -Fanfciton - A arte da máfia - Malina Evans


Pov Akisawa

O fim-de-semana já tinha chegado. O Kaito tinha-me ido buscar a casa para irmos juntos para a escola. Não avisei o meu pai, apenas deixei um bilhete com a Juliet para mais tarde o dar a ele. Ele se soubesse que ia passar a noite também com o Kaito, iria começar a pensar outro tipo de coisas e nem iria querer saber se o meu ferimento está melhor ou não, só não queria que eu fosse para a escola por causa dele.


Quando o Kaito me disse que a noitada na escola ia ser divertida, tinha em mente outra coisa sem ser ficar no ginásio a arrumar os sacos-cama de todos e depois ficar sentada no meu sem fazer mais nada. Tudo bem que por vezes ele, a Sakura e o Eijun vinham cá ver como estava, mas era aborrecido estar ali sem fazer nada, nem mesmo praticar karaté podia, tentei, mas aqueles três chateavam-me sempre a cabeça para ficar quieta.

-Que tédio.- gritei, fazendo a minha voz ecoar por todo o ginásio. Deitei-me em cima do saco-cama e pus-me a olhar para o teto castanho do ginásio. Toquei nas ligaduras que tinha por baixo da minha camisola de lã, castanha, e mesmo só com o toque, a ferida parecia que se abria- Quando descobrir quem me fez isto…- murmurei entre dentes com toda a raiva que sentia. Nesse momento, ouvi a porta do ginásio, abrir. Olhei para o local e vi que era o Ryuji.

-Akisawa…- murmurou o meu nome- Que fazes aqui?

-Estou a descansar, já arrumei todos os sacos-cama.- ele apenas deu ombros e foi por o seu saco-cama no lugar. Nesse instante, sentei-me.

-Ainda te dói muito, esse ferimento?

-Claro. Levei um tiro, não me magoei a brincar com uma tesoura.

-Que piada.- então levantou-se e virou-se para mim- Estava apenas a ser simpático.

-Tu?! Simpático?!- perguntei entre risos- Acho muito difícil!

-Eii, lá por seres minha rival, isso não quer dizer que não tenha respeito quando estas mal. Nunca luto contra alguém inferior a mim ou que não está bem, assim como tu.- esta era uma das coisas que gostava no Ryuji! Ele tinha honra!- Bem, vou lá para fora.- mencionou dirigindo-se de novo à porta. Aí, lembrei-me de algo.

-Obrigado por me teres ajudado no dia em tudo aconteceu!- ele apenas parou e vi que a sua cara estava um pouco vermelha- Foste muito simpático!

-E- Eu só não queria que morresses sem…- ai virou-se para mim- Sem antes eu te derrotar, Akisawa! Por isso não podias morrer! E além disso, foi por acaso, eu estava a passar lá perto e ouvi um disparo.- à medida que ele ia falando, a sua face ficava cada vez mais e mais encarnada.

-Mas obrigado, mesmo assim!

-Tá, tá!- saiu- Não tens de quê!- e então fechou a porta. Apenas me limitei a sorrir e voltei-me a deitar.

As horas foram-se passando, todos jantamos e assim que todos terminaram de arrumar as coisas, algumas pessoas começaram a contar anedotas, fazendo todos rir, enquanto eu evitava ao máximo fazê-lo, já que me começava logo a doer a barriga.

-Ei! Que tal se contarmos histórias?!- sugeriu uma rapariga do primeiro ano que estava sentada ao lado da Sakura. Apenas de alguns hesitarem, todos acabaram por concordar.

Foram contadas várias histórias. Algumas de terror, outras de comédia, outras de aventura e até mesmo de amor.

-Tu não sabes nenhuma?- perguntei para o Kaito que se encontrava ao meu lado.

-Talvez…

-Então conta!

-Sim, Kaito! Vá lá! Conta!- incentivou a Sakura e os outro começaram a fazer o mesmo.

-Está bem, está bem!- e deu um suspiro- É uma história que o meu pai me contou. Ele diz que aconteceu realmente, apesar de eu não acreditar!- então o seu olhar foi em direção ao fogo e iniciou.

“Há muitos anos atrás, na era Feudal, havia um homem, muito pobre, tinha imensas dívidas e roubava para pagar tudo e sobreviver e o seu nome era Shunjin. Ele não tinha nada, nem família, nem amigos, e o sitio onde vivia, era uma pequena cabana, abandonada no meio do bosque e mesmo essa casa, estava a cair de pobre devido ao facto de ser muito antiga e feita de madeira.

Um dia, quando voltava para casa, passou por um pequeno riacho, onde viu uma bela mulher por baixo da pequena cascata que caia no rochedo. Tinha longos cabelos vermelhos que lhe tapavam todas as costas e era a mulher mais linda que o homem alguma vez tinha visto na sua vida e logo se apaixonou pela beleza da mulher. Com imensa vergonha, o homem aproximou-se da bela mulher perguntando-lhe o nome o qual ela respondeu que era Seirin e também, descobriu que Seirin era uma feiticeira.

Apesar de amar a feiticeira e ela o amar a ele, Shunjin era um homem ambicioso e que queria poder, dinheiro e posses. Quando contou a Seirin sobre os seus problemas, a feiticeira decidiu então ajudar o seu amado dando-lhe tudo o que ele necessitava, uma casa, dinheiro, terras, uma vida de luxos e mimos.

Mas com o tempo, o amor que Shunjin tinha pela feiticeira foi desaparecendo e apenas lhe importava a sua fortuna, até que um dia, Seirin ouviu Shunjin falar com um homem, a quem agora chamava de amigo e, ele contava-lhe que não precisava mais de Seirin como mulher, apenas da sua magia para o tornar rico e sem quaisquer preocupações e que ela lhe desse um herdeiro para toda a sua fortuna. A início, Seirin pensou que fosse apenas o álcool na cabeça de Shunjin a falar, mas com o tempo, ele tornou-se chefe de uma máfica japonesa e começou a dormir com outras mulheres.

Um ano depois do filho deles nascer, Seirin fartou-se de tudo isso. Quando Shunjin estava sozinha, a feiticeira libertou toda a sua raiva sobre o homem que julgava amá-la, dizendo que todos os seus descendentes, seriam vitimas de uma maldição e apenas nascerão homens, cujo um dos olhos será vermelho e que a maldição do homem amaldiçoado, só poderia ser quebrada pela pessoa que realmente ama, mas mesmo assim, a maldição iria persegui-los para sempre, até a descendia terminar.

Com isso, o olho direito de Shunjin tornou-se vermelho como os cabelos de Seirin e a feiticeira desapareceu, deixando também para trás o seu filho, que também tinha sido amaldiçoado.”

E no final apenas sorriu.

Nenhum de nós disse nada enquanto ele falava e muito menos depois de terminar, ainda estávamos todos a assimilar a aquela história.

-Mas o que se passa? A história não é assim tão má! Ei, pelo menos não me esqueci de nada!- então, todos desatamos a rir- Mas…. Do que raio se estão a rir?!- vi a sua face ficar vermelha enquanto tentava não rir.

-Não achas que é uma história um pouco infantil, Uhebara?- perguntou-lhe um colega nosso, enquanto ria desalmadamente.

-É normal… O meu pai contava-ma quando eu era pequeno…- murmurou envergonhado- Mas também estas a rir do quê?! Até parece que contas-te alguma história!

Todos ficaram a rir durante um bocado até que pararão e voltaram a contar histórias ou então a cantar.

Não me apetecia ficar ali a ouvir mais nada, não, que não estivesse a ser divertido, mas as ligaduras estavam a cair e queria arranja-las sozinha.

Fui para a parte de trás do ginásio e puxei a camisola para cima deixando à mostra várias faixas brancas prestes a caírem.

-Raios… Não consigo endireitar estas coisas.- era difícil colar aquilo bem quando não se via como deve ser onde colocar a ponta das ligaduras.

-Problemas com as ligaduras?- olhei para de onde vinha a voz e vi o Kaito encostado à parede do ginásio, fitando-me.

-Não vez que sim?- e voltei de novo ao que estava a fazer. Já estava chateada o suficiente por não ser capaz de colocar aquilo sozinha, dispensava que ele me lembra-se isso.

-Então porque não me pediste ajuda?- perguntou-me já à minha frente, pois apenas lhe via os pés.

-Não me apeteceu.- nesse momento, ele pôs-se de joelhos no chão e afastou as minhas mãos das ligaduras- O que estas a fazer?

-A ajudar-te!

-Mas eu não te pedi ajuda!

-Mas eu quero ajudar! Por isso agora fica quieta se não vais ter razões para te queixares de dor.

Apenas me limitei a ficar quieta enquanto ele voltava a enfaixar a minha barriga e as ligaduras ficam seguras.

-Como se chamava a história que contas-te?

-Chamava-se “História contada pelas estrelas”

-Porque tem esse nome?

-Porque é algo inventado! É só uma fantasia! E além do romance, tem tragédia e magia! É por isso! Mas também nunca perguntei ao meu o porquê exato desse nome.

Não disse mais nada enquanto sentia as mãos do Kaito na minha barriga, fazendo-me arrepiar e a face ardia cada vez mais sempre que sentia o calor das suas mãos na minha barriga, gelada.

-Já está!- respondeu-me, fitando-me com um sorriso.

-Obrigado!- e sorri- Agora vamos voltar…- antes de poder terminar a minha frase fui puxada pela cintura e quando olhei, vi os lábios do Kaito encostados às minhas ligaduras.

-Ka- Kaito…- murmurei o nome dele enquanto a minha face ficava tão vermelha como o meu cabelo.

Ele continuou ajoelhado junto a mim, olhando para as ligaduras brancas e eu, não tive coragem de dizer mais nada e apenas olhei para o céu, onde estavam várias estrelas e pensava, que agora elas teriam uma outra história para contar.

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