31 de março de 2014

Capitulo 11 - Odeio o vermelho dos meus cabelos.. - Fanfiction "Arte da Máfia" - Malina Evans


Pov Akisawa

Estava escuro e eu tinha frio... Apenas ouvi-a sirenes e uma voz masculina que gritava pelo meu nome. Conhecia aquela voz, mas a minha cabeça não conseguia identificar de quem era, até que a voz se tornou mais distante, fui deixando de a ouvir e fez-se silêncio.

-Acorda dorminhoca!- gritou uma voz masculina, atirando-me com uma almofada contra a cara fazendo-me abrir os olhos repentinamente.

-Vá lá Atsushi… Só mais cinco minutos.

-Nem cinco nem dez.- as precianas do meu quarto foram abertas e um clarão de luz invadiu o meu quarto. Peguei na almofada que me tinha sido mandada e coloquei a cabeça de baixo dela- Nem brinques! Tenho de ir trabalhar e ainda tenho que te ir levar ao infantário!- riu-se. De repente senti-me a levantar e quando abri os olhos vi que estava no ombro do meu irmão.

-Atsushi, mete-me no chão!- e comecei a rir com as cócegas que me estava a fazer nos pés.

-Já estas acordada ou não?!

-Já! Já! Já estou acordada!- finalmente parou, colocou-me no chão e afagou-me o cabelo que ainda estava todo desajeitado.

-Agora vai-te vestir!- deixou-me o cabelo e foi até à porta- Despacha-te se queres que te penteie!- ele abriu a porta e eu virei-me para ele de repente, pois estava de costas.

-Tens de ser tu a fazê-lo!- referi com uma cara de pânico e ele começou a atravessar a ombreira da porta.

-Então despacha-te!- começou a fechar a porta e depois piscou-me o olho- Porque se não quem o vai fazer é a mãe!- informou-me entre risos e fechou a porta.

Vesti-me rapidamente. Uma blusa com rendas, com um laço vermelho ao pescoço, já que era obrigatório, uma saia azul, umas meias da mesma cor e uns sapatos castanhos. Sentia-me uma verdadeira colegial e sabia realmente bem! Senti-a mais velha e adorava, apesar do meu irmão passar a vida a brincar com isso e a rir. Olhei para o espelho do meu quarto para ver se estava tudo bem, mas a única coisa mal, era mesmo o meu cabelo vermelho, que ia até às costas e que estava todo desajeitado. Odiava o meu cabelo vermelho, nunca gostei simplesmente, não por ser difícil de pentear, mas também pela sua cor. Quem raio tinha um cabelo assim? Mas apesar disso, o meu irmão adora-o, porque vermelho é a sua cor favorita e ele está sempre a dizer que o meu cabelo é especial. Apesar de eu não concordar, de certa forma, faz-me gostar um pouco mais dele.

Sai do quarto a correr com um elástico na mão e assim que cheguei à casa de banho vi o meu irmão encostado na parede com um sorriso e esperando-me.

-Afinal chegas-te a tempo! Vês que quando queres consegues despachar-te?

-Só o fiz porque não quero que seja a mãe a pentear-me.- peguei num pequeno banco verme onde me coloco sempre para chegar ao espelho, aproximei-a da bancada, e coloquei-me em cima do banco, dei o elástico ao meu irmão e começou-me a pentear os cabelos rebeldes.

Adoro que o meu irmão me penteasse os cabelos! Aliás… Adoro o meu irmão e tudo o que ele faz! Acho-o o ser mais perfeito de todos! Ao contrário de mim, os seus cabelos são ruivos e os seus olhos são verdes claros e os meus escuros. Ele já tem dezanove anos, não tem namorada e só há pouco tempo começou a trabalhar, mas apesar disso, tem sempre tempo para mim e é também o meu melhor amigo! Na escola não tenho amigos, pois não me dou bem com ninguém, os rapazes fazem pouco de mim por querer brincar com eles e as raparigas fazem pouco de mim por não querer ter brincadeiras de rapariga, como elas. O meu irmão acha engraçado o facto de eu ser maria-rapaz, mas não se importa com isso! Gosta de mim como sou! E também no ano passado inscreveu-me no karaté! E estou a adorar! Aliás, não podia estar mais feliz! Tenho um irmão fantástico e que me adora e isso também vale para os meus pais, que apesar de por vezes discutirem, sei que gostam bastante um do outro e de nós dois! É tudo perfeito tal como é!

Assim que tomamos o pequeno-almoço, despedi-me dos meus pais que iam também trabalhar, por isso é que seria o meu irmão a levar-me e assim que chegamos ao infantário, só queria era ir com o meu irmão, como sempre.

-Vamos Aki! Eu não posso ficar contigo e tu sabes bem! Tens de ir!- falou-me o meu irmão numa voz doce e calma enquanto tentava que eu lhe largasse o braço.

-Não quero!- e apertei ainda mais o braço, agarrando-lhe também o casaco e apenas o vi suspirar. Ele baixou-se, eu larguei-o e olhei para o chão ao ponto de chorar só para ele ficar comigo.

-Olha para mim.- e fiz o que ele disse- Fazemos assim. Hoje vais para o infantário e amanhã…- suspirou, depois sorriu e murmurou algo relacionado com os nossos pais- Vais ver qual é o meu trabalho, está bem?!- a felicidade invadiu-me! À imenso tempo que queria saber qual era o trabalho do meu irmão e ele apenas me responde sempre que vende coisas, isso deixa-me extremamente frustrada, apesar de saber que ele o faz de propósito.

-Estás a falar a sério?!

-Siiim!- ele estendeu-me o seu dedo mindinho e sorriu- É uma promessa!- e eu entrelacei o meu dedo mindinho no seu e sorri.

O meu irmão voltou a entrar no carro e foi-se embora deixando-me do outro lado da vedação do infantário.

O dia correu normalmente, passei o tempo todo, sozinha, sem ninguém para brincar e só pensava quando chegava a hora de ir embora.

De repente, senti alguém puxar o meu cabelo com imensa força e gritei de dor. Eram de novo as idiotas das minhas colegas a querem fazer de novo troça de mim. Começaram a gozar outra vez comigo e a chamar-me de maria-rapaz e que devia ir brincar com os rapazes e sair dali onde elas queriam brincar. Mas eu já ali estava primeiro, porque razão tinha de ser eu a sair?

Não aguentei mais, levantei-me do chão lavada em lágrimas e comecei a correr para a saída do infantário. Queria ir embora… Queria o meu irmãozinho e nunca mais queria voltar ali, nunca mais!

Assim que abri o portão bati contra algo fofo e macio que me fez cair com o impacto.

-Akisawa, onde pensas que vais?- perguntou-me a monitora vindo a correr até mim e ajudando-me a levantar.

Quando me recompus, vi que tinha cochado contra uma pessoa vestida com um fato de urso castanho-claro e que na sua mão, vinham balões em forma de urso e de várias cores. O urso inclinou a cabeça para o lado e viu que estava a chorar. Pegou num balão vermelho e estendeu-mo, mas eu não queria aquilo…

-Eu quero o meu irmão!- berrei entre lágrimas que não paravam de cair.

-Querida, o teu irmãozinho só te vem buscar mais logo! Tens de esperar! Porque não vens brincar com as tuas amigas?!- que amigas? Aquilo eram amigas? Eu estava assim por culpa delas.

-Não quero! Quero o Atsushi! Quero o meu irmão!- berrei ainda com lágrimas e enquanto tentava limpa-las com as costas das mãos.

Nesse momento, ouvi a pessoa disfarçada de urso, dar um grande suspiro e quando olhei, ajoelhou-se frente a mim e estendeu-me de novo o balão.

-Se continuares assim, amanhã não vens comigo para o trabalho!- aquela voz…

-O quê?- murmurei entre soluços. E nesse momento, a pessoa dentro do fato puxou a cabeça do urso para trás, mostrando que era o Atsushi.

-Maninho…

-Não achas que te estas a portar mal? Assim não te levo amanhã comigo e sabes bem que odeio romper uma promessa. Tu também não gostas, pois não?

O meu coração encheu-se de alegria ao ver quem eu queria ali à minha frente. Corri até ele, abracei-o, ele abraçou-me de volta e acalmei-me, deixando de chorar.

Quando olhei para cima, vi que o balão que ele me queria dar, se tinha escapado da sua mão e que estava a ir na direção contrária do infantário.

-Oh não! O meu balão!- com isso, ele virou-se para trás e largou-me.

-Fica aqui com a senhora, está bem? Vou buscar o teu balão e já venho aqui!- e desatou a correr atrás do balão vermelho que me queria dar. Quando o balão começou a baixar, ele agarrou-o- Já o tenho Aki!- gritou virando-se para mim com o meu balão na mão. Queria correr até ele e abraça-lo de novo, mas não podia porque tinha a monitora a agarrar-me os ombros e além disso, o meu irmão estava na estrada.

Quando estava a vir, vimos um clarão de luzes vir na direção do Atsushi. Ele olhou para de onde vinham essas luzes, depois olhou para mim, sorriu, vi que uma lágrima escorreu pelo rosto e da sua boca, saíram palavras que não chegaram a mim, mas percebi que os seus lábios diziam a palavra “Adeus”.

Ele estendeu-me o balão como se me quisesse devolver. Comecei a aperceber-me do que se estava a passar e tentei correr até ele, mas fui puxada e nesse exato momento, um carro descontrolado, apareceu, levando-o.

Vi balões voarem pelo ar e o meu estava rebentado naquela estrada. Sentia a cara húmida das lágrimas, comecei a ver tudo vermelho… A cor do meu cabelo. A cor que a partir daquele momento, passei a odiar.

Queria gritar pelo meu irmão e ir ter com ele, mas estava em choque… Todo o meu corpo estava em choque devido ao que se tinha passado e não me conseguia mexer, até que tudo ficou negro à minha volta.

Comecei a ouvir de novo uma voz a chamar-me, mas desta vez, a voz parecia mais calma, mas ainda bastante aflita e, juntamente com a voz, ouvia máquinas a apitarem… Máquinas de hospital.

Abri lentamente os olhos e deparei-me com um teto branco. Tinha a cabeça a andar a roda e sentia a face molhada. Com esforço, levei a mão esquerda a cara e apercebi-me de que estava a chorar.

-Aki…- ouvi de novo a voz masculina chamar-me. Olhei para de onde vinha e apercebi-me finalmente de quem era.

-Kaito…- murmurei o seu nome, vendo-o também lavado em lágrimas enquanto me observava com um ar preocupado.

Senti que a minha mão direita estava a ser agarrada por algo e então vi que era a mão do Kaito que agarrava a minha. Voltei a olhar para ele e o seu cabelo fez-me lembrar do meu irmão outra vez. Lembrei-me do que se tinha passado há sete anos atrás e voltei a chorar.

-Quero…- apertei a mão do Kaito, e voltei a chorar como não fazia à anos- Quero o Atsushi…

-Atsushi?

-Quero o meu irmãozinho!- berrei.

O Kaito não me disse nada e apenas continuou a agarrar a minha mão enquanto me deixava chorar.

Naquele momento, apenas o queria a ele… Apenas queria o Atsushi ao meu lado. Queria o meu irmão… Queria o meu melhor amigo e a única pessoa que me fazia realmente sentir bem comigo.

Mas… Sempre que olhava para o Kaito, de certa forma, ele fazia-me recorda-lo e pensar que afinal, não estava assim tão só e a dor ia diminuindo aos pouco, mas nunca a esquecia e mágoa iria sempre perseguir-me para o resto da vida, porque… Eu a morte do meu irmão também tinha sido culpa minha e isso, nunca sairia da minha cabeça…

Atsushi



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