21 de agosto de 2015

Capítulo 2 - Porquê? - Fanfiction - "A arte da máfia" - Temporada 2 - Malina Evans



Pov Akisawa

  Passou-se uma semana desde que fui ao hospital pela última vez ver o Kaito. E em uma única semana, muita coisa mudou.


  A Naomi entrou para a nossa turma e os rapazes parecem completamente babados por ela, o que deixa muitas das minhas colegas com imensa raiva. E com ela, voltou o Kaito, com o qual eu não falo e nem me dignei a dirigir a palavra desde que voltou às aulas, trazendo a parva da loira consigo. Mas o pior mesmo, não é isso... O pior de tudo foi o facto de na apresentação daquela avestruz amarela, ela ter dito que era namorada do Kaito à frente da turma toda, fazendo com que a maior parte olhasse para mim, já que todos sabiam que eu e o Kaito andamos à uns meses, ou pelo menos era o que eu também pensava.
  No mesmo dia em que eles chegaram, todos me fizeram montes de perguntas, do género “Acabaram porquê?”, “O que aconteceu entre vocês?”. Muitas delas nem me dei ao trabalho de responder, outras apenas disse que ele é que não se lembrava de mim.
  Pelo que eu ouvi, o Kaito disse que não se lembrava de alguma vez ter namorado comigo ou de me ter conhecido antes de ter ido parar ao hospital.
  Como é possível que ele não se lembre de nada?! Como é que ele não se lembra de mim e do que passamos? Lembra-se de todos os colegas, de toda a sua vida e de mim não, porquê? Porquê?!
  A primeira e segunda aula parecia que tinham demorado mais do que o normal a passar e não dúvida que as próximas duas que estavam por vir fossem diferentes e não me apetecia mesmo nada continuar na escola, nem a ouvir os professor, e muito menos ter de ver a Naomi agarrada ao... Kaito.
  Arrumei as coisas sem ninguém perceber, já que todos pareciam distraídos nas suas conversas. Levantei-me e saí da sala, indo em direção à parte de trás da escola para poder sair, já que o portão da frente é fechado chada vez que todos os alunos entram na escola, se chegarem tarde, nem chegam a entrar.
  Ao chegar à parte de trás, vi lá a mota do Kaito, estacionada no mesmo sitio de sempre como se nada tivesse mudado, como se o facto dele ter perdido a memória não tivesse passado de um pesadelo horrível do qual tinha acabado de despertar.
  Aproximei-me da mota e passei a mão sobre o assento onde nos sentávamos há uns meses atrás, para ele me trazer à escola, levar a casa ou simplesmente para sairmos juntos. O assente continuava quente e macio como sempre, e a mota, estava tão limpa e brilhante, tal e qual como o seu dono gosta. Nada tinha mudado, apenas ele mudou...
  -O que estás a fazer?- ao ouvir uma familiar voz, voltei-me para trás e vi o Kaito mesmo junto a mim, de mãos nos bolsos, fitando-me, admirado- Estás a chorar.- nem me tinha apercebido disso.
  Levantei a mão e limpei as lágrimas com as costa da mão, ou pelo menos tentava, já que não paravam de me escorrer pela face.
  -Desculpa, eu... Eu vou-me já embora.- virei-lhe as costas e comecei a andar.
  -Naquele dia também estavas a chorar.- só se lembrava disso? Só se lembrava do facto de ter chorado quando ele acordou no hospital?- Pode dizer-me porquê?
  Voltei-me para ele, desta vez, deixando as lágrimas escorrer, pouco importando-me se ele via ou comentava.
  -Tu não sabes mesmo porquê, pois não?- tentava sorrir, e de alguma maneira, acho que consegui- Ninguém te contou a verdade?- pouco a pouco, voltei a aproximar-me dele, até finalmente, de mãos em punho, bater contra o seu peito- Não te contaram tudo o que aconteceu durante tempo em que nos conhecíamos e quando namoramos?- agarrei a camisa do seu uniforme, evitando não gritar nem soluçar com os nervos que estava- E tu?!- mas gritar, foi inevitável- Como é que pudeste? Como é que pudeste esquecer-me, Kaito?! Como? E porquê só a mim?! Que te fiz para te quereres esquecer só de mim?
  -Akisawa...
  Até ouvi-lo dizer o meu nome, me perturbava. Já não era Aki... A “Aki” desapareceu no mesmo dia em que eu desapareci da memória dele.
  Ele mantinha-se calado. Não dizia uma só palavra e nem se mexia.
  -Porquê?- aos poucos, fui soltando-lhe a camisa, até baixar novamente as mãos, segurando apenas a minha mala- Porque tive logo de me apaixonar por ti?
  -Eu... Eu lamento.
  Sinceramente, ele não lamentava mais do que eu.
  -Sim...- dei uns quantos passos para trás, vendo os seus pés avançarem até mim- Eu também lamento ter-me apaixonado por ti.- voltei-lhe as costas e saí a correr.
  Não esperava que ele viesse atrás de mim e muito menos que gritasse o meu nome, e não queria que o fizesse, isso só me magoaria ainda mais e eu estava farta de sofrer por culpa dele.
  Corri pela rua fora, na esperança de que se forçasse as minhas pernas, chegasse depressa a casa onde não estaria ninguém e eu poderia estar sozinha. Porém, ao parecer até o clima me odiava porque a chuva não ajudava em nada na corrida.
  As gotas da chuva começavam a confundir-se com as minhas lágrimas e, enquanto corria, algo dentro de mim pareceu... Partir-se.
  Fui abrandando até parar completamente de correr e sentir a respiração pesada, como se o ar não quisessem entrar.
  Vi um familiar carro negro passar por mim, ou pelo menos era isso que eu pensava já que parou ao meu lado, e aí percebi que aquele era o carro do pai do Kaito, que saiu de lá de dentro, juntamente com um criado que lhe segurava o guarda-chuva, do qual saiu de baixo, correndo até mim, e agarrando-me no exato momento em que as minhas pernas perderam as forças para me manterem de pé.
  -Akisawa!

  Apesar de me chamar, só consegui olhar para ele sem lhe responder, vendo os iguais olhos azuis da pessoa que mais amava... Isso, antes de fechar os olhos e ficar a mercê do que estivesse para acontecer.

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