Pov Akisawa
Há exatamente três meses, o Kaito desmaiou-me nos braços para, até agora,entrar em coma, sendo logo trazido para o hospital onde permanece sem dar sinais de acordar.
Não consegui perceber o porquê dele me dizer aquilo antes de fechar os olhos:
“–O meu olho... O vermelho ele é uma maldição. (...) –E tu...”
O que quereria dizer com aquilo? Eu o quê? Se o que ele realmente disse é verdade, o que é que eu tenho a ver com isso?
Mas que parvoíce! Maldições não existem! O Kaito estava a arder em febre e já esta a alucinar. De certeza.
–Aki.- assim que olhei para cima, vi a Sakura fitar-me com um olhar e um sorriso tristes, enquanto me via levantar para arrumar as coisas- Vais ao hospital ver o Kaito?- tentei sorrir, mas nem isso consegui.
–Sim. Quero ver se ele já acordou.
–Dizes isso todos os dias.- terminei de arrumar tudo e arrumei a cadeira antes de a fitar.
–Tenho esperança todos os dias.- e pus-me a andar.
–Depois diz-me alguma coisa, ok?- pediu-me, vendo-me de costas para ela.
–Ok.
Saí rapidamente da escola, dirigindo-me à paragem de autocarro que ficava a uns cinco minutos dali. Porém, a meio do caminho, um carro preto que ia passar por mim, parou antes de o fazer.
Olhei discretamente para o lado, vendo que dentro do veículo, na parte de trás, estava o pai do Kaito.
–Boa tarde, Akisawa.- cumprimentou-me com um doloroso sorriso. Não conseguia perceber se era porque lhe pesava o coração devido à situação do filho ou se era devido à sua saúde que tinha piorado nos últimos tempos.
Voltei-me para o homem, curvando um pouco antes de o encarar novamente.
–Boa tarde, senhor Uhebara.
–Vais a caminho do hospital?
–Sim. Vou apanhar o autocarro para ir.- o seu sorriso cresceu ainda mais e não consegui perceber o porquê dessa felicidade.
Sem dizer mais nada, ele começou a deslocar-se até ao outro lado do banco.
–Entra.
–Desculpe?
–Nós também vamos a caminho do hospital, assim escusas de esperar pelo autocarro e vens connosco.- com a sua proposta, sorri, se bem que forçosamente.
Aliás, há três meses que todos os meus sorrisos são assim; forçados e a desaparecer mais rápido do que aparecem.
Abri a porta entrando dentro do veiculo, e assim que a voltei a fechar, o motorista pôs novamente o carro a andar, levando-nos ao hospital.
–Obrigado por teres o trabalho de ir ver o meu filho ao hospital, todos os dias.
–Não é trabalho nenhum. Eu amo seu filho, senhor Uhebara e apenas quero que ele acorde e quando isso aconteça, quero estar lá para o ver.- o homem não deixava de sorrir, e parecia ter um brilho indecifrável nos olhos.
–És uma rapariga incrível, sabias?
–O quê?
–Acredito que nem todos se dão ao trabalho de fazer nem metade disso. O meu filho tem muita sorte em ter-te como namorada.- sinceramente, o pai dele, fez um pequeno verdadeiro sorriso crescer.
–Obrigada.- ele sorriu-me antes de fixar o olhar em frente, já eu olhei para a janela, vendo a paisagem passar rapidamente.
Demoramos uns quinze minutos a chegar ao hospital e teríamos demorados menos se não fosse o facto da rua principal estar cortada devido à queda de uma árvore.
Ao chegarmos ao hospital, eu e o pai do Kaito fomos logo para o segundo andar, mais precisamente, para o quarto número cinco, onde estava o meu namorado.
Enquanto nos aproximávamos do quarto, comecei a ouvir duas vozes familiares; uma delas de uma certa e irritante loira que não largava o Kaito desde que ele entrou no hospital, a outra... A outra era do Kaito!
Assim que me apercebi disso, corri até ao quarto, tendo que agarrar a ombreira da porta para não escorregar devido a velocidade e à derrapagem que fiz no chão. E pela primeira vez em três meses, um sorriso verdadeiro tinha iluminado o meu rosto, e as lágrimas que caiam, tinham deixado de ser de sofrimento ao ver um certo ruivo olhar para mim.
–Kai... to...- murmurei o seu nome pausadamente, como se fosse a primeira vez que o dia.
Sem pensar duas vezes, soltei a mala, fazendo-a cair no chão, corri até ele e beijei-o. Um beijo rápido mas apaixonado como já fizera antes, para de seguida por o braço à volta do seu pescoço, enterrando a cara na curva do mesmo.
–Finalmente...- murmurei entre soluços- Finalmente acordas-te.
Estava tão feliz! Não podia estar mais radiante com o que estava a acontecer, depois do médico dizer que não sabia quando é que o Kaito acordaria.
Só que algo estava errado. O Kaito não dizia nada, não me abraçava... Nada! Ao perceber isso, pus-me direita, pondo as mãos nos seus ombros e olhei para ele que me fitava de forma estranha.
–Kaito?- ele abriu a boca e, sinceramente, temi pelo pior.
–Quem és tu?
Soltei-o completamente e recuei uns quantos passos, após a sua pergunta, e novamente, chorei, pela magoa que estava novamente a sentir.
–Tu não... Te lembras de mim?- vi-o olhar para a loira e o pai dele que estava junto à cama.
–Desculpa. Eu não sei quem és.
Sem dizer nada mais, recuei mais uns quantos passos, peguei na minha mala, voltei a levanta-la e voltei-me para a porta, ainda em choque com o que se estava a passar.
–Espera!- pediu-me.
O meu coração queria voltar-se para trás e saber o que ele queria, mas o corpo foi mais forte e pus-me a correr para o elevador, querendo sair daquele sitio o mais depressa possível.
A minha vida é mesmo uma maldição. Um completo e horrível pesadelo, porque mais uma vez, perdi uma pessoa que amo.
Primeiro o meu irmão, agora o único rapaz que alguma vez amei... Será que há mais alguma coisa para me arruinar?
Com certeza que há... Porque tenha a certeza que isto ainda não foi suficiente.
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