14 de março de 2014

Capitulo 6- A Alma Perdida (cont.)- Fanfiction- “The Blood Bound” - Karura

Parte 2


Quando sai do supermercado, tentei refazer o caminho que Ann tinha percorrido para chegar até ali. Porém, não consegui lembra-lo. Caminhei por ruas que imaginei que me levaria até a casa, mas quando me dei conta estava perdido. Tentei voltar ao supermercado para refazê-lo. Contudo, nessa falha tentativa de retornar ao meu ponto de origem, acabei me perdendo ainda mais.


- Mas que merda. Tudo isso é culpa da Ann. E ainda por cima nem me deu um telefone se eu precisasse de ajuda. Agora nem posso voltar pra casa e nem pedir ajuda. Por que, raio aqui está tão vazio?! – Assim que terminei de falar, vi um vulto negro pelo canto do meu olho esquerdo.

Por reflexo me virei na hora, mas não havia nada de errado lá. Depois vi a mesma imagem na minha direita. E assim rodei duas vezes no mesmo lugar observando o local. Mas não tinha ninguém e nem nada fora do comum. Assim que parei de me mexer ouvi alguns passos atrás de mim e me virei na hora.

Parado a uns três metros de mim, havia um rapaz, vestido com um casaco de moletom preto aberto e por baixo uma camisa cinza clara, uma calça jeans escura e um tênis surrado por tanto uso. Seus cabelos loiros balançavam com o vento, seus olhos verdes claros, porém vibrantes, me analisavam como se eu fosse uma caça preciosa. Deveria ter uns 1,75 metros, pois não era muito grande em relação a mim.

Ele começou a vir para cima de mim vagarosamente, como se não quisesse me assustar. Porém ele já havia feito isso. Comecei a recuar mais rápido que ele. Então ele parou do nada. E seus olhos mudaram de cor, de verde para vermelho escarlate e retornou a sua cor original. E pela primeira vez se dirigiu a mim.

- Não corra. Não irei te machucar. – Falou levantando a mão mostrando que estavam vazias.

- Como eu posso acreditar em você se nem ao menos te conheço?! – Deixei minha voz elevar um pouco no final para demonstras a minha indignação.

- Ah... Falaram que iria ser mais fácil... Bem, eu fui enviado aqui para te ajudar, pois parecia que você precisa de ajuda. E tinha algumas bestas rondando por aqui... – No final da frase ele inclinou sua cabeça um pouco para a direita, como se estivesse indicando o local.

- Bestas?! Você é louco? Espera um pouco, minha cota para loucos já venceu por hoje. Já bastou aquele louco do supermercado. – Me virei e fui andando para mostrar que nosso papo havia acabado. Mas o rapaz era persistente.

- No supermercado?... Ah, sim. Hahaha. Ele é meio louco mesmo. Mas ajuda bastante se precisar. Hahaha.

- Legal, mas eu não preciso da ajuda dele. Nem sua.

- Como você é malvado! Falavam tão bem de você! Ah, sou Marcos Simbal, por que não nos tornamos amigos?! Seria legal, conheço tudo aqui. E pelo visto você é novo aqui... O que acha então? Posso te mostrar a cidade. – Ele estava com um sorriso amigável no rosto e com isso achei que era uma boa ideia. Poderia comprar novos livros para mim e não me perderia mais na cidade.

-... Certo. Você poderia falar-me onde fica a Rua Arnon Hollaender?

- Oh, é longe daqui. Por que você quer ir lá?

- Porque é a rua da casa da minha tia... – Abaixei minha cabeça e fiquei olhando para o chão.

Odiava demonstrar meus pontos fracos, meu orgulho sempre estava inchado, e nessas horas parecia que ele queria me matar. O rapaz ao meu lado riu da minha confissão e concordou em me levar até lá.

Na maior parte do caminho ficamos em silencio. Não era muito de conversar e o garoto parecia não querer me forçar. Quando me dei conta estava no centro da cidade. “Wow. Eu tinha me afastado bastante mesmo. Ali esta o supermercado que minha tia me abandonou. Vou pedir pra ela compra um celular pra mim... Um Ipod não serve pra muita coisa mesmo.”

- Que horas são agora? – Perguntei querendo saber se eu teria que ouvir uma bronca da minha tia.

- Horas...?

- Sim, no seu relógio. – O olhei um pouco intrigado e o garoto me olhava com surpresa.

- Ah! Sim, nossa. Desculpa, estava pensando demais e você acabou me surpreendendo... – Ele coçava a nuca e fitou o chão mostrando que estava envergonhado. Levantou o braço e checou o horário. – São cinco e meia.

- Eu me perdi mesmo... – comecei a observar a rua que estava ao meu lado, tinha virado mania olhar para a direita quando começava a pensar.

- Que nada! Aquela rua em que você estava é meio afastada do centro mesmo. Então não ligue! Hahaha!

-... Certo. Como é seu nome mesmo?

- Ah, Marcos. Marcos Simbal. E o seu?

- Ciel Durless. Simbal? – O olhei novamente e percebi que ele carregava um semblante mais suave do que quando ele me encontrou perdido. E seus olhos transpassavam ternura e conforto. Sua pele era tão clara que dava para ver suas veias do pescoço quando virava a cabeça.

- Pois é... Minha família não é Britânica, mas eu nasci aqui. Já tentei pesquisar da onde veio esse sobrenome, mas normalmente falam que não existe... É meio tenso... Sabe?

- Sim... – Voltei meus olhares para o chão novamente e ele percebeu que não iria falar mais nada.

- Então... Ciel, você esta estudando aonde?

- Me mudei faz três semanas. Não estou matriculado em nenhum colégio, ainda.

- Sério? Poxa... Não tem perigo de reprova?

- Não. Meu antigo colégio já havia me passado. E você?

- Estudo em um antigo colégio particular aqui perto. Antigamente era um seminário... Então é bem forte o catolicismo... Mas fora isso é legal lá. Vê se você consegue transferência pra lá. Ah, e tem garotas que estudam lá... Mesmo não sendo muitas. – Ele me da um sorriso meio sem jeito e eu simplesmente ignoro o comentário.

- O nome.

- Perdão, Valley West. – Ele olhava para frente como se estivesse cansado de ver sempre aquele lugar.

- Tem alguma livraria aqui perto? - Ele me olhou interessado. Pelo jeito ele também gostava de ler.

- Tem, mas os preços são altos... O lugar mais barato é longe. E pelo visto você quer chegar logo em casa. Então que tal marcarmos um dia para irmos nessa livraria? Preciso comprar alguns livros de qualquer jeito. - O olhei desconfiado, mas aquele rapaz era realmente muito honesto, não conseguiria nem fazer mal a uma formiga.

- Quando?

- Que tal amanhã? Você tem alguma coisa para fazer?

- Não tenho nada. Então pode ser. Mas aqui não tem aula no sábado?

- Eu mato. Sábado é dia de relaxar. – Nessa hora nós dois rimos.

Depois ele explicou que em alguns países sábado não tem aula e não tem aula a tarde também. Ele falava que esses países eram maravilhosos e ele disse que faria qualquer coisa para morar em um desses países.

Andamos por mais vinte minutos até chegar à casa da minha tia. E para o meu azar ela havia voltado mais cedo. Então uma bronca me aguardava em casa. Estava prestes a me despedir dele quando me chamou.

- Ãhn... A pergunta é meio estranha, mas quantos anos você tem mesmo? – Ele fez os mesmos movimentos que antes, abaixou um pouco a cabeça e olhava para o chão ao mesmo tempo passava a mão nos cabelos que ficavam na nuca.

- Vou fazer dezoito. E você? – Ele olhou para mim com um sorriso de canto.

- Vou fazer dezesseis. Então... É melhor ir logo ou então vai ser pior do que imagina. Até amanhã de manhã. Pequeno. Hahaha! Té mais! – Assim, pelo caminho que viemos ele foi embora correndo. Antes que sumisse de vista, gritei.

- Me respeite, sou mais velho! – Mesmo o mais novo ter estado longe, dava para ouvir suas risadas.

Olhei para a porta sem o pingo de vontade de entrar. Saberia que levaria um sermão de quase duas horas. E aquilo me irritava mais que ficar sem nada para fazer.

P.O.V Marcos Simbal
- Me respeite, sou mais velho! – Com o comentário de Ciel, dei uma grande gargalhada.

Porém, essa pequena diversão entre nós já estaria acabando. Com certeza aquele ser ainda mais maligno que um demônio normal, levaria aquele garoto para as profundezas do inferno.

Assim, que desci uma rua deserta e com pouca iluminação. Encontrei uma loja que parecia que havia sido abandonada. Porém, as luzes de dentro estavam acessas. Adentrei sem medo do que havia dentro.

- Relatório? - Perguntou uma voz masculina escondida entre o monte de prateleiras.

- Sim, Senhor! – Respondi quase gritando.

- Falei normal. Não sou surdo. É sobre a alma que mandei você inspecionar? Estranho como uma alma daquela estava perdida tão próximo de nós e nunca a termos sent... – O interrompi para dar a noticia.

-O Senhor não errou dessa vez. – Quando terminei de falar ouvi um barulho de algo caindo no chão. Provavelmente um livro que ele estava lendo.

- Por que não sentimos antes? – Perguntou com certo cansaço em sua voz.

- Ele não morava aqui. Mudou-se faz pouco tempo.

- “le ciel est plus sombre la nuit et plus visible au cours de la journée.” – Depois que falou a frase em francês. Deu um longo suspiro cansado. – Vamos logo. Não tenho muito tempo. Já esperei demais.

- Sim, Senhor. – Nisso me retirei da livraria e vaguei pela cidade vazia e silenciosa. Não iria para casa. Seria mais solitário lá do que na rua.

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