23 de dezembro de 2013

Capitulo 6- O outro lado da vida- Fanficition "Arte da Máfia"- Malina Evans


Pov Kaito

Ambos desligamos o telefone assim que a conversa terminou. Eu disse a Aki que tinha sono, mas na verdade não conseguia dormir. Ultimamente as minhas insônias tinham voltado e eu mal conseguia pregar olho, por isso é que passo a maior parte das aulas a dormir.

Abri o fusuma do meu quarto e sai, para ir até à cozinha comer ou beber alguma coisa para ver se dormia. Como sempre, a minha casa estava escura e parecia completamente vazia. É o que dá viver numa casa dos tempos antigos onde ainda se utiliza ofurôs, shojis, fusumas e tatamis no chão da casa.

Antes de chegar à cozinha, tenho sempre que passar pela sala de estar e, assim que passei por lá, vi a luz acesa. Abri o fusuma da sala e vi que estava lá o meu pai, sentado no zabuton, com um cobertor por cima dos ombros, enquanto olha para as árvores que tinham as suas flores de cerejeira a cair.

-Ainda estas acordado a estas horas?- perguntou-me rodando um pouco o tronco, voltando-se um pouco para mim com o seu tipico e fraco sorriso nos lábios.

-Sim. Não consigo dormir.- respondi enquanto me aproximava dele e me sentava ao seu lado, no chão, não me apetecia ir buscar um zabuton para me sentar.

O meu pai de aparência não era muito diferente de mim. Apesar de ter um cabelo loiro- não muito longo- e do meu ser ruivo, os olhos são azuis como os meus, o seu olho direito é tapado por uma pala... Ou era. Agora é tapado por umas ligaduras, ou por vezes nem mesmo é tapado, porque a maldição do meu pai já desapareceu à anos, e ele já nem tem necessidade de colocar nada no olho. Mas apesar disso, a sua saúde é muito frágil. Ele antes era saudável- não que agora não seja- mas desde que tudo aconteceu, a sua saúde ficou frágil e eu e os meus avós temos sempre que andar a ver se ele está bem.

-Insônias?

-Yap.- até que me lembrei de perguntar algo- Hoje foste ao médico?

-Fui...- este "Fui" não me convencia lá muito.

-Tu não foste, pois não?- perguntei num longo suspirou. O meu pai era tão teimoso e, ainda fala de mim.

-Hahaha! Não, não fui! Sabes bem que odeio ir ao médico e hospitais!- respondeu com um largo sorriso. O que eu realmente admirava no meu pai, era o facto dele encarar tudo com um grande sorriso.

-Já não sei o que fazer contigo.- nesse momento deitei-me no tatami gelado da sala, com os braços por baixo da cabeça- Não gostas de comprimidos, não gostas de remédios, não gostas de médicos nem de hospitais... Gostava saber sinceramente, como pretendes melhorar a tua saúde.

-Mas ouve lá! Quem é o pai e quem é o filho, afinal?!

-Por vezes parece que trocamos de papeis, não é?- perguntei com um sorriso. Gostava de estar assim com o meu pai, nestes momentos de paz, só entre a nós dois a conversar.

-É!- respondeu entre risos- Às vezes pareces a tua mãe a falar!- com o tema da conversa abri logo os meus olhos que antes se encontravam fechados. Era a primeira vez em anos que ele falava da minha mãe- Ela é que costumava ralhar comigo sobre tudo isso!

Não sabia o que responder ao meu pai. Não era muito normal falarmos sobre a minha mãe e, de repente... Ele puxou esse tema de conversa assim do nada. Voltei a sentar-me apoiando-me nas mãos.

-Eu sei, já me disseste isso.- nesse momento, vi o meu pai levantar-se e aproximar-se das árvores.

-Foi graças a tua mãe que me consegui livrar de maldição. E ela ajudou-me sem quaisquer tipos de medicamentos, ou de médicos, apenas me ajudou com todo o seu amor.

-Mas também foi tudo isso que te deixou nesse estado. Não sei o que isso tem de bom.- vi o meu pai virar-se para mim de forma brusca e com imensa raiva no olhar, era a primeira vez que o via assim.

-Podes ter dezesseis anos e a minha saúde pode não ser a melhor, mas ainda te consigo dar um bom estalo nessa cara se voltas a repetir isso, Uhebara Kaito.- a voz do meu pai metia-me calefrios, só o vi falar daquela maneira uma única vez... daquela vez... E de repente começou a tossir fortemente.

-Pai!- levantei-me rapidamente e fui até ele- É melhor ires para dentro.- pedi-lhe agarrando-o pelo braço e puxando para dentro.

-Deixa-me aqui... sozinho... Kaito.- respondeu-me enquanto tossia- Vai mas é dormir- eu sabia bem porque razão o meu pai estava a reagir assim comigo.

-Desculpa pelo que disse. Eu apenas... Eu apenas não te quero ver assim pai.- nesse momento larguei o braço do meu pai e pus a olhar para o chão- Depois do que aconteceu à mãe, eu apenas ter quero proteger e certificar-me de que estas bem. Além dos avós, és a minha única família.- apenas ouvi o meu pai a suspirar e quase pude sentir o sorriso que ele tinha na face.

-Um dia...- a sua voz soou de forma mais calma, como sempre- Um dia, Kaito, quando encontrares alguém por quem vale a pena lutar e valem todos os sacrifícios possíveis, vais entender como me sinto.- nesse momento levantei a cabeça e vi o meu pai a olhar para mim com um sorriso nos lábios- Vais entender porque escolhi optar agarrar-me ao amor da tua mãe e não me livrar desta maldição sozinho.- nesse momento, por alguma razão, lembrei-me da Aki e, com isso, senti a face a arder- E ao meu ver, parece que já encontras-te alguém, não foi?!- eu apenas desviei a cara para evitar o contato visual com ele.

-Não. Nada disso. Sabes bem que não acredito nessa coisa do amor e assim.- respondi enquanto me sentava de novo no tatami.

-E depois dizes que eu é que sou teimoso!

-Eii, quem sai aos seus não degenera.- o meu pai apenas se riu e voltou-se de novo para a árvore.

Nesse instante de silêncio, uma pétala das flores de cerejeira, caiu em cima da pala do meu olho direito e, também o meu pai olhou para trás e sorriu carinhosamente.

-Como esta isso?

Eu não respondi. Limitei-me a destapar o olho e a colocar a pala no tatami, mas deixando sempre o meu olho fechado. Levantei-me e fui até ao pequeno lago que tínhamos em casa. Ai, abri o meu olho e vi que estava pior. Aquela maldita cor vermelha, nunca mais desaparecia. A cada minuto que passava, parecia que o meu olhar ia perdendo vida e ia ficando cada vez mais e mais vazio.

-Isso parece estar pior.- vi o reflexo do meu pai aparecer no lago ao lado do meu. A raiva invadiu-me o olhar só de pensar no porquê do meu olho direito ser assim e, no porquê do meu pai estar tão doente e fraco.

-Porque raios um antepassado nosso, teve que enfurecer uma feiticeira? Porquê?- quase berrei no final afastando-me bruscamente do lago e tapando de novo o olho com a mão- Por culpa dele, a nossa família estará sempre amaldiçoada. Sempre. Porque teve de ser tão imbecil?- o meu pai limito-se a endireitar, mas não me disse nada.

Era por esta razão que não me queria apaixonar. Sabia bem o resultado disso. A rapariga iria ajudar-me e salvar-me da maldição. Provavelmente ficaria com ela e mais tarde, teríamos um filho, que com toda a certeza- e como parte da maldição- seria um rapaz, que também seria amaldiçoado. A minha esposa teria uma morte trágica e eu ficaria como o meu pai, com uma saúde frágil e bastante fraco. Já não basta o meu pai ser o chefe da máfia japonesa, também tem que lutar todos os dias pela sua saúde. E eu dispenso ter um futuro assim.

-Sabes que mais?- murmurei enquanto voltava para dentro de casa e pegava na pala- Vou mas é dormir. Ou pelo menos tentar.

-Fazes bem! Vai lá!

-Tu também devias fazer o mesmo.- respondi enquanto me dirigia para o fusuma e depois abri-o.

-Eu sei! Mas vou ficar aqui mais um pouco e já vou! Até amanhã filho!

-Até amanha pai! Boa noite.- fechei o fusuma e fui em direção ao meu quarto pelo corredor escuro.

Quando cheguei ao meu quarto, deitei-me no meu futon branco e pus-me a pensar... A pensar nela... Na Aki. O meu pai conto-me uma vez que ele e a minha mãe, começaram a falar e a dar-se bem em circunstancias um pouco... Estranhas, por assim dizer. E eu e a Aki, foi mais ou menos o mesmo. Será que afinal... Ela me vai ajudar a quebrar a minha maldição?

-Não... Isso nunca vai acontecer... Não vai.- murmurei.

Não é que eu não quisesse que ela me ajudasse, apenas... Apenas não queria que ela acabasse como a minha mãe e que acabasse por desaparecer da minha vida.

Pai do Kaito

4 comentários:

  1. o Pai do Kaito é Bonito *o* achei engraçado ele não gostar de hospitais Huahuahua!!! Adorei!!!esperando o próximo!!! o/o/o/

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    1. Pois é!! Agora já se sabe a quem sai o Kaito! ;)
      XD tentei por o pai do Kaito divertido e também simpático!
      Agora só para a próxima segunda-feira!! ^^
      Ainda bem que gostas-te!!
      Kissus!

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  2. O pai do Kaito é realmente bonito, e parece uma criança birrenta ^^"
    Percebo a preocupação do Kaito e porque não se quer apaixonar... é uma pena ter uma maldição assim

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    1. Pois é! ^^ Já se sabe a quem sai o Kaito! ;) Hahaha! Pois parece!! XD Mas a personalidade dele é mesmo assim!!
      Realmente é verdade... É uma pena. E para além do mais, não é só isso que vai acontecer! As coisas ainda vão piorar para o pobre Kaito. :( Mas até lá muito vai acontecer!!
      Obrigado por ler!!
      Kissus!!!

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