O Kaito passou as aulas todas sem me chatear, o que para mim foi um descanso, mas ao mesmo tempo estranho. Não conseguia tirar da cabeça a maneira como ele olhou para mim e para o Eijun.
Era hora de almoço e, eu fiquei na minha mesa a comer sozinha e, o Kaito... O Kaito saiu logo da aula assim que tocou.
-Posso?- quando olhei para cima, vi que era o Eijun que estava à minha frente com a lancheira na mão, em frente à minha mesa.
-Claro!- ele puxou uma cadeira e sentou-se.
-Ainda não socializas com os teus colegas?
-Achas?- perguntei com um ar meio chateada, aquela pergunta era desnecessária.
-Pronto, pronto! Desculpa! Foi uma pergunta tonta!- e eu apenas revirei os olhos.
Passamos o resto do almoço a conversar sobre coisas do dia-a-dia e nada mais, mas quando acabamos, o Eijun foi ter com uns amigos e decidi aproveitar o intervalo que ainda me sobrava, para ir dar uma volta pela escola e apanhar ar.
Decidi ir para a parte de trás da escola, onde normalmente não havia ninguém e, quando lá cheguei vi uma mota... A mota do Kaito. Aproximei-me dela e comecei a "inspecioná-la". Notava-se realmente que ele adorava aquela mota! Estava tão bem cuidada, tão bem limpinha, e sem nenhuma pancada ou arranhadela, parecia nova em folha, apesar parecer de uma marca antiga.
Mas nesse momento, comecei a ouvir passos na minha direção.
-Furukawa! Ah quanto tempo!- quando me apercebi da voz, virei-me para ele.
Shidou Ryuji, ou como eu lhe chamo, Megane- porque usa óculos. Um dos rufias com quem normalmente costumo lutar. Consigo sempre derrota-lo, mas ele é muito persistente e vem sempre procurar a desforra, o que por vezes chateia. Ele, comparado com os seus homens e se não fosse um idiota, seria um dos melhores alunos da escola e provavelmente um dos mais cobiçados, pois tem cabelos negros não muito curtos, e é de olhos cinzentos escuros e claro, usa óculos o que lhe dá um aspeto um pouco atrativo. Mas como é um rufia, usa também uma máscara que tapa a boca e o nariz, as unhas estam pintadas de preto, e quase nunca usava o casaco do uniforme mas sim um casaco comprido.
-O que queres, Ryuji?
-Sabes bem o que é!- vi os seus rapazes a sorrir de forma ameaçadora- ele eram uns dez, mas contando com o Ryuji, onze.
Não estava com paciência para estas coisas, mas também não tinha mais nada que fazer.
-Tá! Anda lá!- posicionei-me para lutar e os rapazes começaram a atacar com as “armas” que tinham e alguns utilizavam apenas o corpo.
Era super fácil desviar-me deles e abate-los apenas com as mãos pois eles lutam de maneira bruta, já eu, utilizava artes marciais claro! É sempre mais fácil!
Enquanto lutávamos, eu ia recuando um pouco e, quando recuei de mais, acabei por chocar contra a mota do Kaito e, de repente, o Ryuji vinha na minha direção para me atacar e eu só tinha duas hipóteses: Ou me punha atrás da mota e era ela que levava com o impacto, ou eu é que apanhava. Mas sinceramente, nenhuma das duas me parecia boa ideia. Não que me importasse com o facto da mota dele se estragar, mas porque parecia que o Kaito tinha imenso trabalho para cuidar dela.
Não sabia o que fazer... E fiquei imóvel enquanto via o Ryuji vir na minha direção e já sabia que me ia magoar e então fechei os olhos. Mas depois de os fechar, nada aconteceu e apenas ouvi o som dos rapazes a queixarem-se por alguma razão e, quando abri os olhos, vi que o Kaito estava à minha frente e que o Ryuji e os seus homens estavam todos no chão.
-Ouve lá.- vociferou o Ryuji levantando-se- Mas quem és tu para te intrometeres nos assuntos dos outros?
-E quem és tu para vir aqui tentar magoar a minha amiga?
-“Amiga?”- a sua frase ecoou bem fundo na minha cabeça, não conseguia acreditar no que ele tinha dito.
-Desaparece daqui se não queres apanhar outra vez.- ameaçou o Kaito, e com isso, o Ryuji ajudou os homens dele a levantarem-se e a ir, mas antes murmurou qualquer coisas inaudível e foi-se embora- Estas bem?!- perguntou-me o Kaito virando-se para mim bastante preocupado.
-Sim... Acho... Que sim.- respondi ainda atônica com tudo o que se tinha passado. E de repente vi-o vir na minha direção com um ar preocupado. Pensei que me fosse abraçar, pois estava de abraços abertos, mas afinal abraçou a mota.
-Oh minha coisa linda!! Estas bem?! Eles não te fizeram mal, pois não?- perguntou à mota com uma voz de criança, como quem fala para um bebe.
-Obrigado por queres saber como estou...- nesse momento, a sua atenção voltou-se para mim.
-Ah sim. Tu também estas bem?
-Estou...
-Que bom.- e levantou-se- Quem eram aqueles tipos?- eu apenas me desencostei da mota e suspirei.
-São uns imbecis contra quem costumo lutar. O chefe deles é o Shidou Ryuji, um velho inimigo meu.
-Ah... Tá...- depois sentou-se em cima da mota.
-Onde vais?
-Embora.
-Sabes que daqui a pouco temos aula.
-E?
-Boa pergunta... Nem sei porque me preocupo.- ele não disse nada, apenas colocou o capacete e pôs a mota a trabalhar.
-Porque não faltas também?
-O quê? Eu? Faltar? Deves estar a sonhar.
-Eii, uma vez também não faz mal a ninguém.- de repente, ele levantou-se da mota e abriu o banco onde costuma guardar tudo, como se fosse o porta-bagagens, mas da mota, e retirou de lá...
-A minha mala! Mas quando é que tu...- ele apenas se limitou a sorrir.
-Vens?!- perguntou-me guardando a mala e estendo-me um capacete, eu agarrei-o bruscamente, coloquei-o na cabeça e sentei-me atrás dele- Agarra-te bem!- quando ele começou a acelerar, por impulso, pus os braços à volta da sua barriga e agarrei-me com força.
Saímos da escola a toda a velocidade e ele continuou sempre a acelerar pela estrada fora. Sempre pensei que andar de mota fosse para rufias e assim, mas olhando desta maneira, andar nisto é muito bom! É ótimo sentir o vento na cara e nos cabelos, andar com imensa velocidade e sentir toda esta adrenalina!
-Estas a gostar?!
-Digamos que... Não é tão mau como pensei!
-Então queres ir dar mais uma volta ou queres ir já para casa?!- pelo espelho retrovisor, vi que no seu rosto estava um pequeno sorriso. Não sabia o que responder à pergunta dele, se disse-se que sim, estaria a dizer que confio nele, mas se disse-se que não, esta sensação tão boa terminaria logo- Então?- chamou-me de novo. Até que decidi.
-Está bem. Pode ser. Mas só um pouco e depois levas-me a casa!
-Claro que sim! Não te preocupes!- e acelerou. Nesse momento lembrei-mede lhe perguntar algo.
-Kaito...
-Diz.
-No momento em que... Disseste aquilo ao Ryuji e aos outros sobre deixarem a tua amiga... Tu... Tu referias-te à mota ou... A mim?
-Que pergunta mais parva...- com esta sua resposta, por alguma razão, o meu coração acelerou- É claro que me referia à mota!- e com isto, apenas me apeteceu dar-lhe um estalo.
-És tão estupido, sabias?
-Hahaha! Estou a brincar! É obvio que me referia a ti!
-A sério?
-Claro! Apesar das nossas discussões, podemos ser amigos, não?!
-Acho... Que sim...- respondi meio envergonhada, mas também com um sorriso nos lábios.
/////
Passamos algum tempo a dar voltas sem sentido, o Kaito levou-me a casa e, a porta, estava a Sakura.
-Sakura...- chamei-a enquanto saia da mota e entregava o capacete ao Kaito- Que fazes aqui?
-Eu vinha falar contigo!- sorriu, depois virou-se para o Kaito, que estava a tirar a minha mala, acenou e ele fez o mesmo.
-Está bem.- agarrei na minha mala- Obrigado pela boleia e até amanhã.
-Adeus Aki!- sentou-se na mota e pôs a andar.
-Então? O que queres desta vez?
-Na verdade eu não quero nada em concreto... Apenas que... Já não preciso de ajuda para conquistar o Kaito!- respondeu a rosada com um sorriso de orelha a orelha.
-Ainda bem. Mas porque não? Descobris-te alguma maneira de o fazeres sozinha?
-Não! Pelo contrario! Nem vou tentar conquista-lo!- e com isso deu costas e pôs a andar muito devagarinho, mas logo parou.
-Ai não?
-Não!- ela virou um pouco a cabeça para me poder encarar- Porque já percebi que não tenho hipóteses contra ti!
-O quê?- perguntei, estupida com a resposta dela.
-Claro! Notasse a milhas que vocês gostam um do outro!- respondeu-me entre risos.
-Isso não é verdade!- e depois ela voltou-se completamente para mim e inclinou-se um pouco para a frente.
-Eu tenho bom olho para estas coisas, por isso sei que é verdade!- voltou a dar costas e andar, mas desta vez aos saltitos- Até amanhã Aki!- e eu nem me consegui defender.
Desde que o ano começou, estava tudo a mudar. Aproximei-me do Kaito, coisa que nunca pensei que acontecesse, voltei a ver o Eijun, e agora até falo com uma rapariga mais nova que eu. São realmente coisas que nunca esperei que acontecessem na minha vida.
Senti o telemóvel que estava na minha mala, vibrar, e quando o tirei para ver quem era, vi que era uma mensagem do Kaito... Do Kaito?
-Como é que ele tem o meu... número?- até que me apercebi- Não acredito que aquele idiota andou a mexer aqui.- tentei ignorar o facto dele ter mexido onde não devia, e comecei a ler a mensagem.
*mensagem*
Esqueci-me de te perguntar uma coisa... Amanhã queres ir dar uma volta outra vez? Mas prometo que será depois das aulas e que não te mecho nem na mala nem no telemóvel!
Já agora, sobre o telemóvel... É aconselhável eu amanhã ir à escola, ou nem por isso?
*fim da mensagem*
Não sabia se ria com a sua parvoíce, ou se acha idiota, mas sabia bem o que lhe responder.
*mensagem*
Não obrigado, uma vez chegou. E quanto amanhã... Aconselho-te a ficares em casa.
*fim da mensagem*
Nota: Querem conhecer as personagens desta fanfic? clica aqui : Personagens
Ameiiiiiii!! kkkkkkkk achei muito engraçado o Kaito com a mota dele!! >< essa fic é muito boa! ^^
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