Capitulo 1- Os desenhos- Fanfiction "Arte da Máfia"- Malina Evans

Pov Akisawa

Novo ano, novos colegas, mas todas as manhãs é o mesmo. Acordo, lavo-me, tomo o pequeno almoço e, vou para a escola. Depois das aulas eu podia ir com as minhas amigas a algum sitio, mas eu quase não tenho amigas. Não sei se é porque sou um pouco violenta- não só por praticar artes marciais- ou se é porque me dou melhor com os rapazes.

À entrada da escola, vejo sempre as raparigas a cumprimentarem-se e a sorrir e os rapazes fazem o mesmo uns aos outros, ou seja uma manhã normal como as outras. Normal, até ao momento em que comecei a ouvir o som de buzinas e de motas e, com isso sei sempre o que queria dizer... O rapaz que eu mais odeio- Uhebara Kaito- junto com a sua gangue de motoqueiros, estava a chegar.

Assim que entraram pelo pátio, toda a gente se desviou! Toda a gente menos eu. Vi a mota do Kaito parar bem à minha frente e não me movi um milímetro. Ele tirou o capacete mostrando os seus cabelos ruivos que lhe davam quase pelos ombros, e o seu olho direito, azul claro- já que o esquerdo estava tapado com uma pala- e, colocou na cabeça um chapéu preto, estilo Bruno Mars, e com os seus brincos (piercings) e colares. Vi-o sair da mota e colocar-se frente a mim e tive a impressão de estarem todos a olhar.

-Não sabes sair da frente?

-Eu? Sair? Que eu saiba isto é o pátio de uma escola, não uma estrada.- nesse momento ele ia dizer algo, mas eu simplesmente dei costas e continuei a andar, não tinha que aturar idiotas.

O toque soou e já na sala, eu e alguns dos meus colegas sentamo-nos, enquanto alguns ainda conversavam e alunos de outras salas se iam embora.

Como sempre, o meu lugar era no fundo da sala, pelo menos aí, ninguém me chateava. Até ao momento em que vi quem se sentou na mesa do lado.

-Parece que vamos ser colegas!

Limitei-me a virar a cara para a janela para o ignorar. Entretanto o professor chegou e a aula começou.

Depois da primeira aula- de matemática- vinha a de artes, a minha aula preferida! A minha turma dirigiu-se toda até à sala de arte, onde a professora nos esperava.

-Bom dia a todos!- alguns alunos responderam ao comprimento, outros- como eu- limitaram-se a sentar nos bancos de madeira em frente às folhas de desenho A3 que estavam sobre cavaletes- Vejo que este ano não há caras novas, mas parece que está a faltar a alguém!- exclamou vendo o lugar à minha frente, vazio.

-Calma, já aqui estou!- todos os olhares se dirigiram para a porta, onde estava o Kaito a entrar.

-Uhebara, a aula já começou. Está atrasado.

-Eu sei.- respondeu enquanto se sentava no lugar vago à minha frente, mas depois virou-se para trás e sorriu.

-O que foi?

-Nada, nada!

-"Que idiota..."- pensei.

-Bem meninos! Para começar este novo ano, vocês vão começar por fazer o retrato de um dos vossos colegas!

-"Lindo... Para além de não me dar com ninguém nesta turma, ainda vou ter que desenhar alguém daqui."- pensei aborrecida dando uma vista de olhos por todos os meus colegas e vi que alguns já estavam a planear quem iriam pintar.

-Não fiquem já todos contentes! Porque serei eu a decidir os pares!- ouvi algumas pessoas a protestarem quanto a isso- Vá lá, tenham calma! Quem sabe não acabam por calhar com quem queriam!

-Duvido muito que isso aconteça comigo...- murmurei.

-Porquê? Porque queres ficar comigo é?!- perguntou o Kaito virando-se para mim com um sorriso nos lábios.

-Nem que estivesse louca.- respondi da maneira mais seca e com o sorriso mais falso que consegui e de seguida ele virou-se para a frente com o seu sorriso idiota a desvanecer-se.

-Muito bem, vamos começar!- disse a professora aproximando-se do livro com os nossos nomes.

A professora começou a decidir os pares e alguns dos meus colegas ficaram felizes com a pareceria, já outros nem por isso mas mesmo assim não se importaram.

-Furukawa Akisawa ficará com...- assim que ouvi o meu nome, voltei toda a minha atenção para a professora- Uhebara Kaito!

-O QUÊ?- gritamos eu e o Kaito em uni-som e depois ele voltou-se para trás para me encarar e o resto da turma ficou a olhar para nós.

-Não! Nem pensar! Não fico com ele por nada deste mundo!

-E não penso ficar com uma miúda como ela!

-Desculpa? O que queres dizer com isso?- perguntei ofendida com o que ele disse, porque se há coisa que odeio, é que me chamem de miúda e não só por isso.

-Quero dizer que não quero ficar contigo! Acho que fui bem claro nisso!

-Sentem-se e calem-se imediatamente!- os dois voltamos-nos para a professora quando gritou connosco e depois sentamos-nos- Foi por isto mesmo que decidi ser eu a decidir os pares! Para juntar pessoas que não se dão bem!

-"A esta mulher só lhe falta mesmo ser hippie e andar por ai a espalhar a paz mundial."

E sem reclamar, lá tivemos que fazer os retratos um do outro ou teríamos zero. Ficamos de frente um para o outro apenas com os cavaletes e folhas de desenho à frente.

-Quero isso bem feito!- ordenou-me o Kaito.

-Não queres mais nada.

-Ouvi dizer que desenhas muito bem, para além de lutares bem claro, por isso, espero que apareça aí algo de geito!- comentou enquanto continuávamos ambos a desenhar.

-Como sabes isso tudo?

-Tenho as minhas fontes!

-Pois... Claro...

Passamos uns dez minutos a desenhar e depois pintamos, quando passaram mais uns dois minutos, a professora disse:

-Ora bem! Já é momento de mostrarem as vossas obras!

Ela foi passando por todos os pares e todos foram mostrando os seus desenhos, até que finalmente chegou até nós.

-Vamos lá ver esses desenhos!

Eu virei o meu desenho para a professora e o Kaito fez o mesmo. Ela ficou em choque com o que viu e os seus óculos até lhe caíram para a ponta do nariz e acho que petrificou.

Olhei para o desenho do Kaito e vi um a minha cabeça- com os mesmos cabelos curtos e vermelhos e olhos verdes claros- no corpo de um homem MUITO musculado. Já o meu era sua cabeça- com o mesmo cabelo ruivo, olho direito azul claro, e o esquerdo tapado, com o mesmo chapéu preto- no corpo de um macaco com o pêlo ruivo.

-MAS O QUE VEM A SER ISTO?- gritou a professora furiosa com os nossos desenhos.

Ficamos a levar um sermão que pareceu levar uma eternidade para terminar. Como castigo do que fizemos, teríamos que ficar depois das aulas, a desenhar um ao outro, mas desta vez, teríamos que desenhar como nos vemos um ao outro.

E assim que terminaram as aulas, fomos para a sala de artes acabar os nossos desenhos.

-Eu achei que os desenhos até estavam giros!

-Sim, se gostares de ter a cabeça no corpo de um homem ou no de um macaco.

-Hahaha! Nada a ver! Achei engraçado o facto de termos pensado os dois em desenhar coisas parvas um sobre o outro!

Era a primeira vez que o via a ser tão simpático. Normalmente é arrogante e convencido, mas naquele momento estava a ser... Simpático. Então nesse momento... Decidi refazer o meu desenho. Separei o papel dos outros e fui deita-lo fora.

-Para que foi isso?

-Nada!- respondi com um sorriso de canto voltando a sentar-me e ele apenas ergueu a sobrancelha.

Ficamos umas horas a desenhar em silêncio, ninguém disse nada durante imenço tempo até que...

-Terminei!!- exclamou o Kaito com alivio na voz- Então e tu?

-Quase.

-Olha eu...- de seguida espreguiçou-se e depois levantou-se- Vou-me embora. Tenho mais que fazer.

-Imagino...- murmurei.

Vi-o pegar no casaco preto de cabedal que tinha tirado à umas horas atrás e ir-se embora.

-Até amanhã.

-Até nunca.- respondi.

-Que simpática...

-Obrigado!- agradeci com toda a ironia que podia e, com um ar aborrecido, vi-o fechar a porta.

Passado pouco tempo terminei o meu desenho! A principio estava curiosa para ver o desenho do Kaito, mas a curiosidade logo me passou quando olhei para as horas, pois eram sete da tarde e já devia de estar em casa. Então peguei na minha mala e sai a correr.

/////

No dia seguinte, a nossa primeira aula era a de artes- só temos esta disciplina duas vezes por semana, e é em dias seguidos. Assim que passei no corredor que dava à sala, vi que estavam montes de alunos a olhar para um placar onde normalmente iam os desenhos que a professora considerava belos.

Aproximei-me e tentei ver alguma coisa, mas estava muita gente à frente e como sou baixa, era impossível ver algo.

-Queres ajuda?- perguntou-me o Kaito assustando-me.

-Uhebara! Que susto...

-Primeiro que tudo, não me chames de Uhebara, mas sim de Kaito. E segundo, não respondes-te à minha pergunta.

-Primeiro, como queiras. E segundo, dispenso.

-Tudo bem!

-Oh cá estão vocês!- eu e o Kaito voltamos-nos para trás e deparamos-nos com a professora a vir até nós- Os vossos desenhos estão fantásticos!

-Acha?- perguntamos os dois em uni-som.

-Claro que sim! Foi por isso que os coloquei no placar!

-O quê?- perguntou o Kaito- Você fez o quê?

-Coloquei-os no placar, vocês ainda não viram?

Ambos dissemos não abanando a cabeça e então a professora pediu para todos se afastarem abrindo caminho para vermos alguma coisa. Assim que consegui aproximar-me o suficiente para ver, vi que estavam mesmo lá os nosso desenhos! O do Kaito era de mim, com uma expressão tão calma e serena que nem parecia eu. Estava de olhos fechados, mostrando que estava a dormir e, no meu cabelo estavam duas rosas, uma vermelha clara e outra roxa. O meu desenho do Kaito era ele a olhar em frente enquanto sorria e mordia a ponta de um dos seus colares. A pala no seu olho esquerdo fazia uma pessoa pensar se ele estava a piscar ou não o olho. E assim como no desenho dele, no meu ele parecia ter uma expressão calma.

O toque soou, mas nós os dois ficamos a olhar para os desenhos um do outro como se fosse algo do outro mundo, enquanto todos iam para as suas respetivas salas. Acho que ambos estávamos admirados pela maneira como nos víamos um ao outro.

-Vez-me desta maneira?- perguntei.

-Nem por isso.- a única palavra que me veio à cabeça com a resposta dele foi "Idiota"- Mas quando estavas a desenhar, estavas como neste desenho.

-A sério?

-Yap! E tu?

-E eu o quê?

-Porque me pintas-te assim? Tu dizes sempre que me odeias!

-Pode-se dizer que... Talvez... Não sejas assim tão má pessoa...- murmurei a última parte.

-Desculpa? Não ouvi bem!- provocou-me aproximando-se de mim com a mão na orelha.

-Talvez não sejas assim tão má pessoa...- repeti entre dentes.

-O quê? É que sabes o barulho das motas afeta-me um pouco a audição!

-Ah é?! Então vamos ver se ouves isto!- disse com um sorriso nos lábios- VAMOS PARA AS AULAS!- gritei fazendo-o afastar-se.

-Bolas... Também não era preciso isso.

Fomos até à sala de artes a reclamar um com o outro e quando lá chegamos a professora teve que nos mandar calar. Ela disse que aquilo tudo era o inicio de uma grande amizade, mas eu, achava que era o inicio, de uma dor de cabeça. 

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